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Sangue nas fezes: quando se preocupar e buscar ajuda especializada

Sangue nas fezes pode indicar desde hemorroidas até condições sérias. Descubra as causas, sinais de alerta e quando procurar um coloproctologista.

PorDra. Ana Luiza Moraes Rocha
5 min de leitura

Perceber sangue nas fezes é sempre um sinal de alerta. Embora muitos casos estejam relacionados a condições benignas, o sangramento também pode indicar doenças que exigem diagnóstico precoce.

Perceber sangue nas fezes é sempre um sinal que causa preocupação, e com razão. Embora em muitos casos o sangramento anal esteja relacionado a condições benignas, como hemorroidas ou fissuras anais, ele também pode ser o primeiro sintoma de doenças mais sérias, que exigem diagnóstico precoce.

Neste artigo, você vai entender as principais causas de sangue nas fezes, quando é preciso se preocupar e por que a avaliação médica é essencial para garantir sua saúde intestinal.

O que significa ter sangue nas fezes?

O sangue pode aparecer de diferentes formas: misturado às fezes, recobrindo-as, em gotas no vaso sanitário ou no papel higiênico. A cor e o aspecto do sangue fornecem pistas importantes sobre a origem do problema:

  • Sangue vermelho vivo: geralmente vem do final do intestino (reto e ânus), comum em hemorroidas e fissuras.
  • Sangue escuro ou fezes enegrecidas (melena): indicam sangramento mais alto, do estômago ou intestino delgado.
  • Muco com sangue: pode sugerir inflamações intestinais, como retocolite ulcerativa ou doença de Crohn.

Independentemente da aparência, todo sangramento deve ser investigado. Mesmo causas aparentemente simples podem se agravar se não forem tratadas adequadamente.

Causas mais comuns de sangue nas fezes

Hemorroidas

São veias dilatadas no reto e ânus que podem sangrar, especialmente durante evacuações com esforço. O sangue é vermelho vivo e geralmente aparece no papel higiênico.

Fissura anal

Pequena ferida na mucosa anal, que causa dor intensa e sangramento ao evacuar. O sangue é fresco e em pequena quantidade.

Pólipos intestinais

Lesões benignas que podem sangrar e, com o tempo, se transformar em tumores malignos. Identificados e removidos durante a colonoscopia.

Doença diverticular

Pequenas bolsas que se formam no intestino grosso e podem inflamar ou sangrar.

Doença inflamatória intestinal

Inclui a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que provocam inflamação crônica da mucosa intestinal e episódios de sangramento.

Câncer colorretal

Pode causar sangramento oculto ou visível nas fezes. O diagnóstico precoce aumenta significativamente as chances de cura.

Quando se preocupar com sangue nas fezes

Nem todo sangramento anal é grave, mas há sinais de alerta que exigem investigação imediata:

  • Sangramento persistente por mais de 3 dias.
  • Dor intensa ao evacuar.
  • Fezes muito escuras ou com mau cheiro.
  • Perda de peso inexplicada.
  • Cansaço e fraqueza (podem indicar anemia).
  • Histórico familiar de câncer colorretal.

Se você apresenta um ou mais desses sintomas, procure um coloproctologista para uma avaliação detalhada.

Como o coloproctologista investiga

O diagnóstico começa com uma consulta detalhada e exame físico, incluindo toque retal e anuscopia (exame rápido que permite visualizar o canal anal).

Em alguns casos, podem ser solicitados exames complementares como:

  • Anuscopia: exame simples para avaliação do canal anal, feito durante a consulta médica.
  • Retossigmoidoscopia: avalia o reto e o final do intestino grosso.
  • Colonoscopia: exame completo do intestino grosso, essencial para identificar pólipos, inflamações ou tumores.
  • Exames de sangue: ajudam a detectar anemia e inflamação.

Esses exames permitem identificar a causa do sangramento e direcionar o tratamento correto.

Tratamentos possíveis

O tratamento vai depender da causa identificada:

Hemorroidas e fissuras: tratamento clínico com pomadas, banhos de assento e dieta rica em fibras. Em casos persistentes, pode ser indicado tratamento com ligadura elástica ou cirurgia, sendo a cirurgia a laser uma opção mais moderna com benefícios quanto à recuperação.

Pólipos: são removidos durante a colonoscopia, evitando sua evolução para câncer.

Doenças inflamatórias: requerem acompanhamento contínuo e uso de medicamentos específicos.

Câncer colorretal: quanto mais cedo for diagnosticado, mais eficaz é o tratamento cirúrgico e complementar.

O papel do coloproctologista é avaliar cada caso individualmente e definir a melhor conduta, sempre com segurança e clareza.

Prevenção e cuidados com a saúde intestinal

A prevenção é fundamental para manter a saúde intestinal em dia:

  • Mantenha alimentação rica em fibras (frutas, verduras, legumes e cereais integrais).
  • Hidrate-se bem, bebendo ao menos 2 litros de água por dia.
  • Evite o sedentarismo: o movimento ajuda o intestino a funcionar melhor.
  • Faça check-ups regulares, especialmente após os 45 anos.
  • Não ignore sintomas como dor ao evacuar ou sangue nas fezes.

Perguntas frequentes (FAQ)

1. Sangue nas fezes sempre significa câncer?

Não. As causas mais comuns são hemorroidas e fissuras anais, mas o diagnóstico deve ser feito por um coloproctologista para descartar outras doenças.

2. Quando devo procurar um coloproctologista?

Se o sangramento persistir por mais de 3 dias, for intenso, vier acompanhado de dor ou estiver associado a perda de peso e anemia, procure atendimento médico especializado.

3. O sangue pode aparecer mesmo sem dor?

Sim. Sangramentos sem dor são comuns em hemorroidas internas ou pólipos. Por isso, é importante investigar mesmo na ausência de desconforto.

4. Preciso fazer colonoscopia se tiver sangue nas fezes?

Depende da avaliação clínica. O exame é indicado principalmente para pacientes com histórico familiar de câncer colorretal, idade acima de 45 anos ou sangramento persistente.

Considerações finais

Perceber sangue nas fezes nunca deve ser ignorado. Em muitos casos, o problema é simples e de fácil tratamento, mas somente uma avaliação médica especializada pode identificar a causa correta e indicar o tratamento ideal.

Se você apresenta sangramento anal persistente ou outros sintomas de alerta, procure avaliação com um coloproctologista para diagnóstico e orientação adequados.


Dra. Ana Luiza Moraes Rocha Médica Coloproctologista CRM-PR 45351 | RQE 36221 Especialista em Coloproctologia

Este conteúdo tem caráter educativo e não substitui a consulta médica. Procure sempre orientação profissional para diagnóstico e tratamento adequados.